Conduzir com carta B sem lições

Ora olá minha boa gente, gostaria de fazer uma pergunta que me tem dado bastante que lensar nos ultimos tempos.
Eu tenho 28 anos e a carta B
Nunca tive uma lição de como abdar de mota ba vida, sei meter mudanças etc e estou no processo de arranjar uma 125, no entanto após quase ter mandado abaixo a mota de um amigo meu a tentar fazer manobras de baixa velocidade surgiu a questão, será que deveria primeiro tirar lições numa escola de condução antes de me aventurar nisto? Eu acredito que no parque de estacionamento até consiga aprender a fazer as manobras, mas foi algo que me deu que pensar.
O que pensam malta? É possível com paciência ser autodidata? Ou não vale a pena as aventuras?

AlexandreC escreveu:Ora olá minha boa gente, gostaria de fazer uma pergunta que me tem dado bastante que lensar nos ultimos tempos.
Eu tenho 28 anos e a carta B
Nunca tive uma lição de como abdar de mota ba vida, sei meter mudanças etc e estou no processo de arranjar uma 125, no entanto após quase ter mandado abaixo a mota de um amigo meu a tentar fazer manobras de baixa velocidade surgiu a questão, será que deveria primeiro tirar lições numa escola de condução antes de me aventurar nisto? Eu acredito que no parque de estacionamento até consiga aprender a fazer as manobras, mas foi algo que me deu que pensar.
O que pensam malta? É possível com paciência ser autodidata? Ou não vale a pena as aventuras?

O "mandar a mota abaixo" geralmente acontece nas manobras a baixa velocidade. Essa é uma das razões porque advogo a quem vai comprar uma mota nova de 125cc e não tem experiência, a compra de uma mota em 2.ª mão. Quando a mota cair, a ferida no orgulho é sempre a mesma, mas na carteira geralmente é menor (se não for coisa grave ou que precise de reparação, fica assim mesmo).

A questão principal é que conduzir uma mota é diferente de conduzir um carro. Parece uma verdade de La Palice, certo? Mas é mesmo diferente e não é só pelo facto da posição de condição e dos comandos serem diferentes! É diferente porque passamos a ter muita mais atenção do que se passa à nossa volta e passamos também a perceber que, especialmente com motas pequenas tipo 125cc, os condutores dos enlatados nem nos veem! E quando nos veem é para decidirem ultrapassar-nos de qualquer maneira (cuidado com as mulheres desesperadamente apressadas, porque elas passam por cima de um motociclista sem pensar duas vezes).

Será que ganhamos alguma coisa em ter uma ou duas lições numa escola de condução?

Eu acho que sim! Gasta-se dinheiro, mas o maior choque é sempre o primeiro par de vezes que andamos de mota no meio de trânsito a sério (trânsito com pressa e quase engarrafado).

Se não fores pela via da escola (a escola só dá para quebrar o medo inicial, a experiência a sério terá que ser tu a adquiri-la sozinho), pelo menos aconselho-te a ir alguém teu conhecido atrás num carro  (mas não demasiado encostado!), no primeiro par de vezes que saíres a sério para a estrada, para servir um pouco de tampão aos condutores carros com pressa, os quais geralmente tem a mania de se encostarem bem rente à mota, porque "estão a ver bem muito bem o que se passa na estrada à frente da mota e pararão de imediato se for necessário". Foi esse o argumento que me deu uma vez um motorista do meu serviço (já reformado, graças a Deus!), quando lhe chamei à atenção de que ia muito encostado à mota que ia à nossa frente. E esse condutor tinha andado de mota nos seus tempos de novo, mas nada lhe tinha ficado na cabeça dos perigos que os condutores de mota sofrem à custa dos condutores de carros.

Eu costumo dizer que não tenho medo de conduzir mota, que tenho é dos condutores de carros.

Aconselho-te a pelo menos andares nos primeiros tempos em locais com pouco trânsito e em sítio que não exija grande velocidade. É muito importante ganhares alguma confiança com a mota, coisa que demora algum tempo para quem não anda de mota (da minha experiência, isso só aconteceu com a minha primeira 125 cerca de 2000km depois der a ter comprado).

Para além disso, uma 125 é um caracol e qualquer carro de motor 1000 ultrapassa essa mota sem grandes dificuldades. Daí que terás que ter muito cuidado com as ultrapassagens a carros, mesmo os que vão devagar. Há condutores de carros que fazem de propósito para te impedir a ultrapassagem quando inicias a manobra e alguns desses condutores são mulheres! Por isso, habitua-te a seres ultrapassado, muitas das vezes à tangente. Os condutores de carros são obrigados a manter pelo menos uma distância de 1,5m em relação à mota, quando a ultrapassam, mas muito condutor de enlatado ignora essa regra e nas escolas de condução dão pouca ênfase à mesma. Infelizmente, alguns dos que fazem ultrapassagens à tangente também são motociclistas...

Tem também MUITO CUIDADO com os passeios e bermas de estrada! Com um carro, pisar um passeio ou uma berma geralmente é um problema para o pneu ou para a jante (e depois para a carteira!), mas com uma mota, tocar no passeio ou ir para a berma, é queda no chão certa. E se caíres na estrada, reza para que o condutor do enlatado que vem atrás não venha bem encostado a ti.

Evita também a condução agressiva! Para além da mota não ter a estabilidade de um carro nas travagens bruscas, uma mota pode travar muito rapidamente (se estiver a funcionar bem), ou melhor dizendo, desacelerar muito rapidamente e o carro que vem atrás passa-lhe a ela e ao condutor a ferro, porque não teve "tempo" (leia-se distância) para travar. Em situações de trânsito intenso, eu guardo sempre uma distância bem confortável para o carro da frente, evitando ter que fazer travagens bruscas. Há sempre o condutor de carro que aproveita para me ultrapassar e enfiar o seu carro nesse meu espaço de segurança, mas antes isso, do que uma pessoa ver-se envolvida num choque em cadeia, estando em cima de uma mota!...

Muito cuidado também com o piso molhado! Num carro dá para usar pneus chineses de má qualidade, mas numa mota é queda certa! E falo por experiência própria... Os pneus tem que ser muito bons! E os bons pneus de mota são bué de caros (mais caros do que os de muitos carros de rodas com jantes menores).

Cuidado também com a gravilha na estrada, especialmente nas curvas! E nunca te ponhas com uma mota de estrada e com pneus de estrada num caminho de terra ou gravilha. Falo por experiência própria também...

Por último, na estrada ocupa o meio da tua faixa de circulação (deves circular sempre na faixa da direita sempre que possível, obviamente!). Há instrutores e até alguns agentes de autoridade (daqueles que não andam de mota) que dizem que devemos encostar o mais à direita possível da nossa faixa de circulação, para facilitar o trânsito. Tretas!!! Faz isso e verás um asno (geralmente são homens...) a colocar-se a andar ao lado da tua mota, na mesma faixa de circulação, contigo ensanduichado entre esse carro e o passeio, berma da estrada, parede ou lá o que estiver à nossa direita. Isso é um perigo medonho!

Da minha experiência, as quedas de mota nos primeiros tempos são de manobras a muita baixa velocidade, como por exemplo, fazer uma inversão de marcha numa estrada inclinada (especialmente quando vamos a subir e queremos voltar no sentido de descida) ou no estacionamento (como tentar estacionar junto à berma do caminho e descobres que o chão onde vais apoiar o pé está muito mais abaixo da cota do pavimento da estrada). As quedas que vem depois já com alguma experiência de andar de mota já costumam ser por excesso de confiança e essas são as mais perigosas! Geralmente tem a haver com a entrada com excesso de velocidade em curvas... Mais vale uma fazer curva inteira devagar (especialmente com piso molhado!), com um asno do condutor de carro encostado à traseira da nossa mota a apitar furioso, do que acabar a curva na faixa do lado oposto, com um carro a vir de frente para nós também a apitar.

Não tenhas pressa em dominares rapidamente a condução de uma mota. A melhor experiência é a que se adquire devagar. O resto é gabarolice de miúdos imaturos.

Nota: Se não tens experiência, não leves pendura! Numa 125cc, um(a) pendura é sempre algo que coloca a mota no seu extremo de segurança especialmente em termos de equilíbrio, falta de potência e esforço de travagem!!!. Isto ainda se torna mais verdadeiro se o pendura não tem experiência em andar de mota. Muitas das vezes assustam-se quando inclinamos a mota nas curvas e inclinam-se no sentido contrário ao do corpo do condutor, que se inclina no sentido da curva, fazendo com que a mota, em vez de fazer a curva, vá mais é sempre direita em frente... Na minha terriola (vivo na Ilha Terceira) rola a história de como foi assim que, um belo dia, dois fulanos de mota, por muito pouco não foram parar ao mar, de cima de um penhasco com algumas dezenas de metros, no final da estrada que vai dar ao Porto da Cinco e Parque de Campismo na freguesia (aldeia) das Cinco Ribeiras. O da frente era de constituição leve e o de trás era pesado e nunca tinha andado de mota...

Trigueiro escreveu:

AlexandreC escreveu:Ora olá minha boa gente, gostaria de fazer uma pergunta que me tem dado bastante que lensar nos ultimos tempos.
Eu tenho 28 anos e a carta B
Nunca tive uma lição de como abdar de mota ba vida, sei meter mudanças etc e estou no processo de arranjar uma 125, no entanto após quase ter mandado abaixo a mota de um amigo meu a tentar fazer manobras de baixa velocidade surgiu a questão, será que deveria primeiro tirar lições numa escola de condução antes de me aventurar nisto? Eu acredito que no parque de estacionamento até consiga aprender a fazer as manobras, mas foi algo que me deu que pensar.
O que pensam malta? É possível com paciência ser autodidata? Ou não vale a pena as aventuras?

O "mandar a mota abaixo" geralmente acontece nas manobras a baixa velocidade. Essa é uma das razões porque advogo a quem vai comprar uma mota nova de 125cc e não tem experiência, a compra de uma mota em 2.ª mão. Quando a mota cair, a ferida no orgulho é sempre a mesma, mas na carteira geralmente é menor (se não for coisa grave ou que precise de reparação, fica assim mesmo).

A questão principal é que conduzir uma mota é diferente de conduzir um carro. Parece uma verdade de La Palice, certo? Mas é mesmo diferente e não é só pelo facto da posição de condição e dos comandos serem diferentes! É diferente porque passamos a ter muita mais atenção do que se passa à nossa volta e passamos também a perceber que, especialmente com motas pequenas tipo 125cc, os condutores dos enlatados nem nos veem! E quando nos veem é para decidirem ultrapassar-nos de qualquer maneira (cuidado com as mulheres desesperadamente apressadas, porque elas passam por cima de um motociclista sem pensar duas vezes).

Será que ganhamos alguma coisa em ter uma ou duas lições numa escola de condução?

Eu acho que sim! Gasta-se dinheiro, mas o maior choque é sempre o primeiro par de vezes que andamos de mota no meio de trânsito a sério (trânsito com pressa e quase engarrafado).

Se não fores pela via da escola (a escola só dá para quebrar o medo inicial, a experiência a sério terá que ser tu a adquiri-la sozinho), pelo menos aconselho-te a ir alguém teu conhecido atrás num carro  (mas não demasiado encostado!), no primeiro par de vezes que saíres a sério para a estrada, para servir um pouco de tampão aos condutores carros com pressa, os quais geralmente tem a mania de se encostarem bem rente à mota, porque "estão a ver bem muito bem o que se passa na estrada à frente da mota e pararão de imediato se for necessário". Foi esse o argumento que me deu uma vez um motorista do meu serviço (já reformado, graças a Deus!), quando lhe chamei à atenção de que ia muito encostado à mota que ia à nossa frente. E esse condutor tinha andado de mota nos seus tempos de novo, mas nada lhe tinha ficado na cabeça dos perigos que os condutores de mota sofrem à custa dos condutores de carros.

Eu costumo dizer que não tenho medo de conduzir mota, que tenho é dos condutores de carros.

Aconselho-te a pelo menos andares nos primeiros tempos em locais com pouco trânsito e em sítio que não exija grande velocidade. É muito importante ganhares alguma confiança com a mota, coisa que demora algum tempo para quem não anda de mota (da minha experiência, isso só aconteceu com a minha primeira 125 cerca de 2000km depois der a ter comprado).

Para além disso, uma 125 é um caracol e qualquer carro de motor 1000 ultrapassa essa mota sem grandes dificuldades. Daí que terás que ter muito cuidado com as ultrapassagens a carros, mesmo os que vão devagar. Há condutores de carros que fazem de propósito para te impedir a ultrapassagem quando inicias a manobra e alguns desses condutores são mulheres! Por isso, habitua-te a seres ultrapassado, muitas das vezes à tangente. Os condutores de carros são obrigados a manter pelo menos uma distância de 1,5m em relação à mota, quando a ultrapassam, mas muito condutor de enlatado ignora essa regra e nas escolas de condução dão pouca ênfase à mesma. Infelizmente, alguns dos que fazem ultrapassagens à tangente também são motociclistas...

Tem também MUITO CUIDADO com os passeios e bermas de estrada! Com um carro, pisar um passeio ou uma berma geralmente é um problema para o pneu ou para a jante (e depois para a carteira!), mas com uma mota, tocar no passeio ou ir para a berma, é queda no chão certa. E se caíres na estrada, reza para que o condutor do enlatado que vem atrás não venha bem encostado a ti.

Evita também a condução agressiva! Para além da mota não ter a estabilidade de um carro nas travagens bruscas, uma mota pode travar muito rapidamente (se estiver a funcionar bem), ou melhor dizendo, desacelerar muito rapidamente e o carro que vem atrás passa-lhe a ela e ao condutor a ferro, porque não teve "tempo" (leia-se distância) para travar. Em situações de trânsito intenso, eu guardo sempre uma distância bem confortável para o carro da frente, evitando ter que fazer travagens bruscas. Há sempre o condutor de carro que aproveita para me ultrapassar e enfiar o seu carro nesse meu espaço de segurança, mas antes isso, do que uma pessoa ver-se envolvida num choque em cadeia, estando em cima de uma mota!...

Muito cuidado também com o piso molhado! Num carro dá para usar pneus chineses de má qualidade, mas numa mota é queda certa! E falo por experiência própria... Os pneus tem que ser muito bons! E os bons pneus de mota são bué de caros (mais caros do que os de muitos carros de rodas com jantes menores).

Cuidado também com a gravilha na estrada, especialmente nas curvas! E nunca te ponhas com uma mota de estrada e com pneus de estrada num caminho de terra ou gravilha. Falo por experiência própria também...

Por último, na estrada ocupa o meio da tua faixa de circulação (deves circular sempre na faixa da direita sempre que possível, obviamente!). Há instrutores e até alguns agentes de autoridade (daqueles que não andam de mota) que dizem que devemos encostar o mais à direita possível da nossa faixa de circulação, para facilitar o trânsito. Tretas!!! Faz isso e verás um asno (geralmente são homens...) a colocar-se a andar ao lado da tua mota, na mesma faixa de circulação, contigo ensanduichado entre esse carro e o passeio, berma da estrada, parede ou lá o que estiver à nossa direita. Isso é um perigo medonho!

Da minha experiência, as quedas de mota nos primeiros tempos são de manobras a muita baixa velocidade, como por exemplo, fazer uma inversão de marcha numa estrada inclinada (especialmente quando vamos a subir e queremos voltar no sentido de descida) ou no estacionamento (como tentar estacionar junto à berma do caminho e descobres que o chão onde vais apoiar o pé está muito mais abaixo da cota do pavimento da estrada). As quedas que vem depois já com alguma experiência de andar de mota já costumam ser por excesso de confiança e essas são as mais perigosas! Geralmente tem a haver com a entrada com excesso de velocidade em curvas... Mais vale uma fazer curva inteira devagar (especialmente com piso molhado!), com um asno do condutor de carro encostado à traseira da nossa mota a apitar furioso, do que acabar a curva na faixa do lado oposto, com um carro a vir de frente para nós também a apitar.

Não tenhas pressa em dominares rapidamente a condução de uma mota. A melhor experiência é a que se adquire devagar. O resto é gabarolice de miúdos imaturos.

Nota: Se não tens experiência, não leves pendura! Numa 125cc, um(a) pendura é sempre algo que coloca a mota no seu extremo de segurança especialmente em termos de equilíbrio, falta de potência e esforço de travagem!!!. Isto ainda se torna mais verdadeiro se o pendura não tem experiência em andar de mota. Muitas das vezes assustam-se quando inclinamos a mota nas curvas e inclinam-se no sentido contrário ao do corpo do condutor, que se inclina no sentido da curva, fazendo com que a mota, em vez de fazer a curva, vá mais é sempre direita em frente... Na minha terriola (vivo na Ilha Terceira) rola a história de como foi assim que, um belo dia, dois fulanos de mota, por muito pouco não foram parar ao mar, de cima de um penhasco com algumas dezenas de metros, no final da estrada que vai dar ao Porto da Cinco e Parque de Campismo na freguesia (aldeia) das Cinco Ribeiras. O da frente era de constituição leve e o de trás era pesado e nunca tinha andado de mota...

Olá meu caro, agradeço desde já as palavras e conselhos, de facto o meu maior problema tem sido as manobras a baixas velocidades, e tenho evitado zonas muito movimentadas, ao contrário de quando dei as primeiras voltas de carro, com esta menina um gajo vê a vida a andar para trás cada vez que algum apressado resolve quase raspar na mota.
Entretanto, após colocar a questão resolvi ir fazer o curso de pilotagem da honda, o que acabou por ajudar bastante em alguns aspectos, e sempre não fui com zero conhecimento para a estrada.
E sim, eu já de carro temo as senhoras que vão mais preocupadas com a maquilhagem do que com a estrada, portanto de mota então são um pesadelo tornado realidade.

Obrigado pelos conselhos novamente, e um grande abraço  :venia:  :

Viva. Benvindo às duas rodas.
Depois de ler (por alto, desculpa lá Trigueiro), concordo com tudo o que ele disse, apenas acho que falta uma coisa, no caso de ainda não teres comprado mota. Se ainda tens dificuldade a conduzir, se fores comprar mota usada (ou nova), leva alguém que perceba e saiba andar, para experimentar a mota e ver se tem algum problema. Em relação às lições (já vou atrasado) eu dispensava, ia para um sitio calmo, e treinava. Já poupava algum.