"Primeira" mota

Olá pessoal, 

Deixem-me dês de já agradecer a atenção e ajuda e pedir desculpa pelos erros ortográficos . 

Para começar.... A minha idea é comprar uma 125cc usada para ir para o trabalho. Fica a uns 30km e a viagem é pela autoestrada uns 60-70kms diarios. Porquê 125? Tenho carta de carro e não pretendo tirar carta de mota tão cedo, como disse é só um termo econômico e independente para ir para o trabalho. 

A uns 11anos.atras tive uma 125cc no reino unido mas era scooter e lá tinha limite de velocidade por isso não podia ir para a autoestrada com ela. Onde quero chegar, desculpem a burrisse mas, não sei usar mudanças numa mota, e até acho estranho poder andar com uma sem ter que fazer nenhum teste ou aulas mas isso não interessa. 

Este fórum tem me ajudado muito e neste momento estou um pouco indeciso entre cb125f (Honda é Honda) e sym Wolf 125 (achei a barata e linda essa máquina), a idade não me importa muito dês que dure e não me dê problemas... Penso gastar no máximo dos máximos 2000 mas se achar uma a 1000 era ideal.

Para ajudar na minha decisão tenho algumas questões que gostaria que me esclarecessem: 

1. Com quantos km devo eu torcer o nariz a uma mota usada indo em conta com a idade? Suponho que motas sejam como os carros em que chega a um certo ponto que já são km a mais para a idade que tem. 

2. Alguém me sabe explicar alguns 'red flags' quando comprar uma mota? Como não percebo nada de motas receio ser preza fácil para um burlão. 

3.Como disse que não sei usar mudanças na mota tenho um pouco de vergonha em ir ver uma e pedir ao vendedor que me explique isso, acham que devia ir na mesma ou procurar aprender de uma outra forma sem fazer figuras tristes?

Tinha mas questões mas agora não me vem nada á cabeça, pra variar.... 

Atenciosamente, 
PappY :)

Bem-vindo PappY.

Como a 1ª e a 2ª perguntas estão interligadas, e a 3ª, quanto a mim, é uma "não questão", vou tentar responder mais ou menos em conjunto.
Vou começar pelo fim e com base na minha experiência.
Numa altura em que nem tinha bicicleta (1962), fui passar alguns fins-de-semana a Malhada Sorda (Guarda, Almeida), onde havia um triciclo 50cc com uma caixa de 3 velocidades, que me enchia as medidas aos 13 anos! Mudanças... Qual é o problema? Eu nem me lembro se a primeira era para baixo e as outras todas para cima!
Nota: Aquela 50cc não tinha a luz verde "N" a indicar quando estava em ponto-morto, mas isso nunca foi problema.
Muitos anos depois (2010), comecei a andar de scooter, até que me lembrei de subir de cilindrada (para passar para uma scooter 250), o que me obrigou a tirar a Carta A. Ainda me lembro do dia em que saltei para cima da Honda 500 da Escola de Condução... eu só queria arrancar e o instrutor continuava a falar de "abrir o ar/fechar o ar"!
Resumindo, salta para cima da "escolhida", aperta a maneta da embraiagem e dá uma pantufada no pedal das mudanças... Vais ver que quando ouvires o "clac" da 1ª a entrar... acabam-se os medos!

Passando à 1ª das tuas questões, e do meu ponto de vista, não há valores fixos de idade e kms, nem relações fixas entre eles. Por exemplo, a minha Cygnus, que tem 12 anos e 34.000 km, pode estar em melhor estado do que outra com apenas 3 anos.
A idade da moto, vê-se no Certificado de Matrícula. Já a quilometragem pode ser uma incógnita, porque o valor no odómetro pode não ter nada a ver com a realidade. O estado das borrachas das peseiras costuma ser uma boa indicação do uso real, mas um vendedor "esperto" também sabe isso e pode trocá-las. Pode-se juntar à equação a ferrugem, pintura, estado do assento, etc., mas pode-se ser sempre aldrabado!
Peçam sempre o livro das revisões, e têm todo o direito de assumir que a moto não teve a assistência devida se o livro "se tiver perdido"!
Os problemas grandes são óbvios, pelo que até nem são maus, porque fazem baixar o preço. Já os "pequenos" problemas, aqueles que só se descobrem depois da compra, é que podem ser um grande sarilho!
Assim, é pertinente pensar se se deve comprar a um particular (geralmente mais barato, mas sem garantia) ou num stand (geralmente mais caro, mas tem que ter garantia). Note-se a garantia só tem que ser pelo tempo necessário para descobrir o que eventualmente não esteja bem! Se o stand não der garantia, é porque sabe que há um problema... nesse caso, não comprem!
No caso da compra a um particular, é conveniente experimentar a moto antes da compra, seja pelo comprador ou por alguém, e.g. um profissional, que se disponibilize. Como os vendedores não gostam que o possível comprador teste o produto (até posso concordar), digam-lhe que vai ele a conduzir e o comprador (ou outro) vai à pendura! Se a alternativa não for aceite, é porque querem esconder qualquer coisa, logo... não comprem!
Qualquer que seja o caso, cautela com o "balde de plástico", isto é, a técnica típica dos vendedores de feira, e.g. se comprar duas "T-shirt" ????&???? (originais... feitas na cave do meu prédio) em vez de uma, leva um balde de plástico completamente grátis. Isto é, comprem apenas o que queriam e não um molho de brócolos dourado só porque estava a um bom preço!

Pode ser que haja algum companheiro aí de perto de Paços de Brandão que se disponibilize a dar uma ajuda.

Se não percebes muito de motas, o ideal era ires com alguém que perceba, mesmo se comprares num stand.
O ideal também seria dares umas voltas numa emprestada, para te habituares à caixa de velocidades. Não é difícil, é uma questão de gosto até, no meu caso, não gosto de scooters, só motas de caixa.
Por que não continuas nas scooters? Se vais fazer auto estrada, se calhar até era a melhor opção, uma vez que são mais carenadas e com melhor aerodinâmica que a cbf ou a wolf. E em relação a manutenção, tenho ideia que serão mais baratas, talvez (fora o problema das carenagens se partirem em caso de acidente, têm muito mais plásticos).
Problemas numa moto usada? Se queres evitar alguns, compra japonesa, honda cbf/cbr, suzuki gn, ou yamaha ybr. São mais caras e difíceis de encontrar, mas são mais resistentes e duráveis. 
Se optares pelas outras, procura as que tenham poucos kms, mas é como o Dias disse, depende das mãos donde andaram. Procura pontos sensíveis a quedas, por ex. as pontas dos punhos, os patins, os piscas, cantos das carenagens. Tenta por as rodas alinhadas e vê por trás se notas alguma diferença de inclinação entre elas, para tentar descobrir algum empeno. Ferrugem nas bainhas também é complicado de arranjar. Atenção que algumas sym's dão problemas de caixa de velocidades. Eu evitava essa marca. Pesquisa na net. Aparecem muitas com problemas na 3ª velocidade.
De resto boa sorte.

Bem vindo outra vez ao mundo das motas, Pappy!  

Respondendo às tuas perguntas:

Perguntas 1 e 2 - Os quilómetros em que devemos ter mais cuidado com a aquisição uma mota 125 em 2.ª mão... variam! Em termos muito gerais, diria para se ter mais cuidado a partir dos 20 000Km. Não que isso signifique que a partir daí o motor esteja já gasto, mas sim porque muitas das vezes, se o motor não tiver sido bem tratado na sua juventude, especialmente na rodagem, a partir dos 20 000Km por vezes começam a surgir alguns problemas.

Pergunta ao dono da mota quando é que fizeram o afino das válvulas (assumindo que vais comprar uma mota com motor a 4 tempos), pois não há praticamente mota 125 que não tenha que fazer o afino das válvulas nesse intervalo de tempo. Se te disserem quando forem, pergunta se gostaram do serviço e onde foi essa oficina. Assim, discretamente, já estás a saber se efetivamente fizeram ou não esse afino das válvulas.

No entanto, fica desde já a saber que podes apanhar motas com mais de 20 000k ainda boas para muitas curvas! Temos aqui um colega no fórum que tem uma scooter 125 da Yamaha que já vai em mais de 100 000Kms!

Há por aqui outras mensagens minhas (e de outros companheiros !) em que detalhamos o que verificar na compra de uma mota em segunda mão. É uma questão de se procurar. Se por acaso comprares uma scooter em 2.ª mão, verifica que efetivamente a assistência foi feita na marca! O uso de correias piratas e mais baratas, por vezes paga-se com desgastes precoces dos rolamentos da cambota, traduzidos em pingar de óleo a partir do bordo inferior da parte dianteira da tampa da transmissão, o que é sinónimo de concerto caro à espera do novo dono.

Especialmente nas motas de mudanças, procura as que ainda tem o escape original e inteiro! As com escapes alterados ou "Acabracoviche" geralmente são sinónimo de dono que se preocupava mais com o estilo do que fazer durar o motor segundo as indicações do engenheiro chefe da marca dessa mota. Os engenheiros ainda são umas das profissões em que mais confio!


Tal como referido acima pelo nosso colega Ming, O Impiedoso, se te sentes melhor com scooters, não tens que te envergonhar disso! São efetivamente um meio muito prático e fácil de andar de mota, especialmente dentro da cidade! Se fores por aí, procura a inevitável Honda PCX 125. Considerando que se compra nova por cerca de 3250€ (a menos que a inflação já tenha tocado neste preço...), deves conseguir em 2.ª mão, ainda em bom estado, por 2000€. já teria mais cuidado com as ofertas de 1000€, sejam desta mota, sejam de outra qualquer, pois geralmente já vem alguma coisa para o futuro dono arranjar (falo por experiência própria ).

Pegando no que o nosso colega Dias já disse, aconselhava-te a procurar uma loja de marca que tivesse recebido uma 125 ainda em bom estado, entregue por alguém que subiu de cilindrada. Se disseres que procuras uma 125 em 2.ª mão para eventualmente subires de cilindrada mais tarde, se o comerciante for minimamente inteligente, vai evitar enfiar-te um barrete, já com a mira de futuramente fazer contigo um negócio mais vantajoso para ele. E, sim, é normal os braços de metal ds espelhos criarem ferrugem muito rapidamente, coisa que um comerciante minimamente inteligente resolve (provisoriamente...) rapidamente com uma lixa de ferro e um spray de tinta preta. E por falar nisso, procura comprar motas que tenham os dois espelhos e os piscas originais!

3 - Se não te sentes confiante com as mudanças, aconselho-te vivamente a pedires uma lição ou duas numa escola de condução. Eles fornecem a mota e, se tens experiência de conduzir carros com mudanças, é como diz o Dias: o que custa é meter a primeira e descobrir como se mete as mudanças no ponto morto.

Não te esqueças que também vais gastar dinheiro com capacete, blusão e luvas. E nada de usar sapatos ou botas de atacadores com motas de mudanças!

Nota final 1: As 125 são "curtas" para a autoestrada, especialmente em viagens mais longas (não seria tanto assim se a malta respeitasse os limites de velocidade...). Não te admires se efetivamente mais tarde quiseres subir de cilindrada.

Nota final 2: Evita as 125s em segunda mãos com mais de 10-12 anos, mesmo que tenham muitos poucos quilómetros, estejam com boa aparência e a um excelente preço. Por vezes, especialmente em marcas menos conhecidas, as peças de substituição começam a já não existir, obrigando-te a ir para peças "iguais" de outras marcas (geralmente chinesas) ou em 2.ª mão. E no motor só deve entrar peças novas e, sempre que possível, da marca!

Boas pessoal,
Elahhh... Muita informação mesmo. Obrigado
Dias, Ming e Trigueiro muito obrigado pela ajuda realmente tem aqui muita coisa que nunca tinha pensado nem considerado.

Muitas boas dicas como a do afino das válvulas e o alinhar das rodas pra ver se tão empenadas, coisas que nunca me lembraria de procurar.

Por terem mudanças achava que as motas eram melhores que as scooters na autoestrada, quem não sabe é como quem não vê...

PappY escreveu:Boas pessoal,
Elahhh... Muita informação mesmo. Obrigado
Dias, Ming e Trigueiro muito obrigado pela ajuda realmente tem aqui muita coisa que nunca tinha pensado nem considerado.

Muitas boas dicas como a do afino das válvulas e o alinhar das rodas pra ver se tão empenadas, coisas que nunca me lembraria de procurar.

Por terem mudanças achava que as motas eram melhores que as scooters na autoestrada, quem não sabe é como quem não vê...

Se isso fosse assim tão simples, não verias scooters nas autoestradas. E elas andam lá!

Para o mesmo motor, a scooter tem um arranque mais rápido, mas depois perde na aceleração a velocidades mais altas (numa 125, grosso modo, isso acontece dos 50-60Km para cima). Além de que a mota de velocidades manuais tende a ter uma velocidade máxima ligeiramente maior.

Mas tudo isso depende do motor, caixa de velocidade/variador, peso da mota e... condutor!

O mais importante é na estrada, seja esta em circuito urbano ou em autoestrada, sentires-te confiante no manejo da mota.

Esqueci-me de dizer antes... Convém praticares um bom bocado com mota, antes de te atirares aos leões (leia-se "andar na autoestrada").